Misturando ação desafiadora com RPG profundo, Dragon’s Dogma 2 é um jogo único e verdadeiramente especial
Dragon’s Dogma 2 não possui um sistema tradicional de viagem rápida. Para a maioria dos jogos de mundo aberto, isso seria uma sentença de morte – uma afronta ao valioso tempo do jogador. No entanto, de alguma forma, a Capcom transformou a ausência deste recurso de qualidade de vida em uma força retumbante. É o tremendo senso de aventura e descoberta do jogo que consegue isso. Cada vez que você sai da relativa segurança de uma vila ou cidade, não há como dizer o que vai acontecer; você apenas sabe que tem potencial para ser fascinante e valerá a pena.
Como sequência, Dragon’s Dogma 2 é uma extensão de tudo o que o primeiro jogo alcançou há 12 anos. É um RPG encantador de mundo aberto com combates variados e emocionantes e um sistema complementar criado pelo jogador que é diferente de tudo. Ele não vai muito além do que o original fez, mas os avanços na tecnologia aprimoraram seus pontos fortes anômalos, dando nova vida ao seu enorme mundo aberto e às maneiras pelas quais você e tudo ao seu redor podem interagir com ele. Novas ideias e inovação podem não estar na vanguarda, mas as coisas que fazem ainda são relativamente distintas.
Após um breve mas intrigante prólogo, sua aventura começa no país de Vermund, uma terra de florestas verdes exuberantes, picos alpinos e as correntes de seus muitos rios sinuosos. A realeza e os nobres de Vermund residem atrás das muralhas fortificadas de sua capital, e é deste local movimentado que você pode embarcar em um carro de boi para uma pequena vila no norte ou uma cidade com posto de controle no oeste. Este último fica na fronteira com Battahl, uma terra árida, lar de bestas humanóides parecidas com gatos, onde gôndolas fornecem uma rota ocasional sobre os desfiladeiros escarpados abaixo. Além de viajar em um carro de boi ou subir a bordo de um desses teleféricos, você terá que explorar este vasto mundo a pé, atravessando florestas densas cobertas por copas que bloqueiam o sol, ruínas élficas esculpidas nas encostas das montanhas e areias movediças banhadas por sob a forte luz do sol e cercado por harpias mortais.
Existe um método de viagem rápida instantânea disponível, mas funciona da mesma maneira que no primeiro jogo. Você pode esgotar um recurso caro conhecido como Ferrystones para viajar para qualquer Portcrystal no mundo, mas esses pontos de viagem rápida são poucos e distantes entre si – seja como um acessório permanente ou um item que você pode pegar e colocar em qualquer lugar que desejar. Você os usará com moderação e passará a maior parte do tempo cobrindo grandes áreas de terra com seus próprios pés. Considerando o intervalo de 12 anos entre o jogo original e a sua sequela, esta abordagem à viagem rápida e à exploração contínua parece uma decisão ainda mais ousada agora do que em 2012. O género de mundo aberto tornou-se mais codificado nesse ínterim, mas Dragon’s Dogma 2 faz um esforço conjunto para garantir que a viagem seja tão importante quanto o destino.
Este é um jogo definido tanto pela caminhada através de um desfiladeiro ondulante quanto pela batalha que você enfrenta ao chegar ao fundo. As missões em que você embarca são diversas, incumbindo-o de se aventurar para resgatar um garoto que foi levado por uma matilha de lobos ou de acompanhar um elfo em seu rito de passagem. Essas missões às vezes são genéricas, mas a forma como elas se desenrolam é tudo menos isso. Você nunca se envolve apenas com um objetivo único de cada vez; Dragon’s Dogma 2 está repleto de momentos emergentes que sempre deslumbram e surpreendem. Eu poderia presentear você com inúmeras histórias da minha aventura de 40 horas, sem sequer mencionar uma missão real com roteiro. Objetivos definidos podem lhe dar o ímpeto para seguir em uma direção específica, mas isso então desvenda uma série de eventos distintos que ocorrem naturalmente, desafiando você com feras enormes para derrubar ou despertando sua curiosidade com uma caverna escondida ao lado do caminho principal.
Certa vez, embarquei em uma longa jornada que começou com as habituais emboscadas de goblins engenhosos e bandidos de beira de estrada. Achei que um primeiro encontro com a quimera de três cabeças e portadora de magia seria a parte mais notável desta aventura, apenas para um grifo monstruoso descer e introduzir um conjunto inteiramente novo de problemas. Depois de hackear a cabeça de cabra da quimera até que ela finalmente desabou em derrota, concentrei toda a minha atenção no temível grifo. A imensa força desta criatura poderosa fazia a folhagem próxima farfalhar e tremer toda vez que ela recuava e batia as asas, mas consegui subir em cima da fera e cravar minha espada na parte de trás de seu crânio antes que ela se lançasse no ar. e me mandou em espiral para o chão.
Depois de um tempo, o grifo escapou, recuando para o céu, então passei a noite acampando para recuperar minha barra de saúde esgotada. Parti novamente pela manhã, apenas para ser interrompido pelo mesmo grifo, provavelmente com uma vingança recém-formada contra mim. Desta vez, depois de muitas dificuldades, derrotei a criatura mítica antes que ela pudesse fugir novamente, mas minha jornada estava longe de terminar. Um par de colossos lançou um ataque imprevisível nos confins apertados entre dois afloramentos rochosos, enquanto a noite seguinte trouxe uma horda de esqueletos mortos-vivos cujos olhos azuis brilhantes perfuraram a escuridão sufocante.
Nenhum desses encontros estava relacionado entre si ou pertencia à missão que iniciei inicialmente, mas essa é a magia do mundo aberto de Dragon’s Dogma 2. Você é constantemente puxado em várias direções ao mesmo tempo e cabe a você decidir quais caminhos seguir. Pode ser uma missão dada a você por um aldeão necessitado, uma estrutura atraente surgindo no horizonte ou um portão trancado e a possibilidade de encontrar uma maneira alternativa de entrar. Retroceder é bastante comum, mas nenhuma jornada é exatamente igual a outra, então nunca parece uma tarefa árdua quando você está recauchutando um terreno familiar.
Claro, nada disso funcionaria tão bem se os outros elementos do jogo não estivessem à altura. Felizmente, o combate é excelente em todos os aspectos, proporcionando uma variedade de vocações únicas para você escolher. Essas classes variam desde o lutador com espada e escudo e o arqueiro de longo alcance, até novas adições como o Mystic Spearhand – uma construção de combinação corpo a corpo / mágica – e o guerreiro pau para toda obra. É totalmente viável escolher uma vocação e jogar o jogo inteiro com essa classe, mas você também é recompensado por experimentar. Cada vocação tem aumentos especiais para desbloquear, que concedem buffs passivos que você pode aplicar independentemente da classe que estiver usando no momento. Isso significa que você pode tornar um Mago mais resistente ou dar a um Guerreiro maior resistência normalmente reservada ao Ladrão.
Seja qual for a vocação que você escolher, há uma sensação fantástica de impacto por trás de seus ataques. Machados e espadas largas encontram carne com um ruído glorioso – o jogo fica mais lento para permitir que você aproveite seus ataques mais impactantes – enquanto os inimigos explodem em chamas e caem dos penhascos sob o poder do cajado de um Feiticeiro. Há um toque de Devil May Cry em seus movimentos mais elegantes e exagerados, e atacar feras colossais com golpes lentos, mas intencionais, não pode deixar de trazer à mente as batalhas prolongadas de Monster Hunter.
Mesmo quando você está girando no ar e conjurando cacos de gelo penetrantes, o combate ainda parece firme graças ao mundo reagir de forma realista a tudo o que ocorre dentro dele. Quando derrubei um colosso e ele tropeçou em direção a um pequeno abismo, ele não apenas caiu na abertura, mas agarrou-se ao outro lado, criando uma ponte improvisada e desesperada. Só depois de cortar os dedos é que ele perdeu o controle e caiu para a morte. A câmera às vezes tem dificuldade em acompanhar toda essa ação explosiva, geralmente porque um mago encheu a tela com fogo ou gelo. Nesse sentido, é uma troca um tanto aceitável. O que não é tão perdoável é quando a câmera se torna pesada em interiores apertados ou quando você está agarrado às costas de uma fera aterrorizante, mas pelo menos esses casos não são muito frequentes e são apenas um pequeno inconveniente quando você considera as emoções que se seguem. do fantástico combate de Dragon’s Dogma 2.
Em termos de história, você é mais uma vez escalado como o Arisen, repetindo um ciclo que ocorre há gerações. Um temível dragão governa a terra e escolhe você como um digno desafiante ao seu reinado, arrancando seu coração ainda batendo e consumindo-o. Seu objetivo final é pegar em armas e matar o dragão, mas antes que isso aconteça, você precisa aumentar sua força e enfrentar as políticas díspares de Vermund e Battahl. Em Vermund, o Arisen é reverenciado como um soberano e campeão do povo, encarregado de proteger a terra da sombra ameaçadora do dragão. No entanto, um impostor está sentado em seu trono: um Falso Surgido, colocado no lugar por uma rainha que não quer perder seu poder. Ao tentar reivindicar o que é seu por direito, você gradualmente desvendará um mistério que ameaça impactar o destino do mundo inteiro.
É um conto decente que impulsiona sua aventura, embora seja leve na caracterização, o que contribui para um sentimento persistente de desapego. Isto torna difícil preocupar-se com a narrativa abrangente, além do interesse em desvendar o mistério central. A escala inspiradora de seus momentos posteriores compensa um pouco suas deficiências, ao mesmo tempo que explorar as diferenças entre as culturas de Vermund e Battahl também é convincente. A nação bestial considera os Surgidos como estranhos, temerosos como estão de sua comitiva de peões e do infortúnio que eles pressagiam.
Assim como no primeiro jogo, esses companheiros criados pelos usuários são o recurso mais excepcional do jogo. Até três peões podem acompanhá-lo em sua jornada, embora um seja um elemento permanente e sua própria criação. Você pode definir sua vocação e alterá-la como achar melhor, equipando habilidades e atualizações para eles, assim como faria com seu próprio personagem. Os outros dois membros do seu grupo são mercenários que você pode recrutar e substituir por capricho e normalmente são criados por outros jogadores. A escolha de quais peões contratar depende principalmente de uma questão de composição partidária. Quer estejam liderando pela frente, imbuindo sua arma com magia ou cobrindo o campo de batalha com meteoros, é difícil não amar o impacto que eles têm no combate. Mas também há mais neles do que simplesmente serem pistoleiros contratados.
O tempo que um peão passa com outros jogadores é retido em sua memória. Eles podem se lembrar de um baú de tesouro que abriram no mundo de outro Arisen e então levar você até ele, e eles fazem o mesmo quando se trata de navegar em missões. Se você priorizar um objetivo e um de seus peões já o tiver concluído antes, eles se oferecerão para levá-lo aonde você precisar ir. Em vez de ficar sobrecarregado por ter que revisitar constantemente o mapa, você pode deixar um peão guiá-lo naturalmente, criando um fluxo e refluxo em sua aventura que elimina a necessidade de telas de menu e pontos de referência. Às vezes, eles podem se perder quando você é interrompido pelo combate, mas descobri que pressionar o comando “Ir” os colocaria de volta no caminho certo.
Os peões também desempenham uma função semelhante após derrotar um certo número de um determinado tipo de inimigo. Se um peão tiver experiência suficiente em derrotar, digamos, um ogro, ele transmitirá informações pertinentes sobre os pontos fracos e a natureza de seus ataques. Você também pode encontrar e equipar diferentes especializações para seu peão, talvez concedendo-lhes a capacidade de traduzir élfico ou procurar materiais para que você não precise se preocupar. Às vezes, eles ainda podem ser excessivamente loquazes, expressando uma admiração infantil pelo mundo com uma enxurrada de diálogos em inglês antigo. Seus comentários não são nem de longe tão repetitivos quanto antes, e eles são muito mais pessoais desta vez, conversando entre si sobre outros jogadores com quem viajaram e criando um senso palpável de trabalho em equipe e camaradagem.
O erro mais notável deriva do desempenho de Dragon’s Dogma 2 no PC. Meu equipamento atual excede as especificações recomendadas (além da CPU), e o jogo geralmente roda em torno de 60fps usando a predefinição “Alta” do jogo. Às vezes chega aos 40 e cai ainda mais dentro de vilas e cidades, mas certamente é jogável, embora um pouco instável. O problema é que este desempenho é consistente em todas as configurações visuais, o que me leva a acreditar que é uma questão de má otimização. Eu poderia ter usado o aumento de desempenho causado pela redução da qualidade das sombras e coisas do gênero, mas isso não teve efeito. Idealmente, isso será corrigido com um patch e atualizações de driver no primeiro dia, mas não é o ideal no momento em que este artigo foi escrito.
Mesmo assim, esses problemas de desempenho pouco fizeram para impedir meu amor por este jogo. Não é sempre que um clássico cult recebe luz verde para uma sequência, especialmente 12 anos após o lançamento do jogo original. A Capcom também não tentou tornar Dragon’s Dogma 2 mais palatável para atrair potencialmente um público mais amplo. Ele se manteve fiel aos valores fundamentais do primeiro jogo e os expandiu para criar um jogo maior e melhor, que sempre se deleita com sua abordagem à exploração contínua e à emoção da aventura. Isso significa que parece muito familiar em vários aspectos, mas é um jogo para aqueles que se apaixonaram pelo original, apesar de suas falhas, e esperamos encontrar um público totalmente novo que talvez nunca tenha dado uma chance ao primeiro jogo. Mesmo depois de 40 horas, meu coração continua a gostar mais deste jogo especial. É uma conquista excepcional, diferente de qualquer outra, e eu não hesitaria em colocá-la entre o panteão dos melhores da Capcom.
